Acabamos de encerrar nossas aulas práticas e podemos afirmar definitivamente que apesar de esperado, devido às experiências prévias, dar aulas, principalmente para crianças, é sempre uma grande surpresa.
Hoje, não gostaríamos ainda de fazer uma análise técnica das aulas, mas gostaríamos de descrever um pouco as experiências vivenciadas, aquilo que nos despertou atenção positivamente, mas também aquilo que nos surpreendeu negativamente. Gostaríamos de apresentar nossos alunos e compartilhar parcialmente uma experiência tão motivadora, porém desafiadora.
Como mencionado na última postagem, vivíamos um dilema acerca da nossa tarefa inicial (Poomse) que compreendíamos ser falha e passamos a estudar as Ginásticas (rítmica e acrobática) como forma de um aprendizado mais coeso para vivências motoras e exploração corporal, requisitos necessários para o nosso objetivo. Trocamos experiências e leituras entre nós, conversamos com a professora Luciene e com o professor Alessandro, com o objetivo de reconhecermos se essa coerência realmente estava presente e, para nossa satisfação, não houve retaliações em relação às tarefas escolhidas, então o que restava era a prática.
Partimos então para as escolhas e adaptações das tarefas. Já estávamos fazendo leituras sobre o assunto e estudando práticas adequadas a faixa etária (2ª infância), então partimos para os estudos de tarefas que atrelassem a faixa etária mais os elementos das Ginásticas Acrobáticas e Rítmicas. As tarefas de GACRO (Ginástica Acrobática) exigiram maior atenção, pois além de serem desconhecidas por parte do nosso grupo, tínhamos a noção que as exigências de execução eram maiores, já que podem acarretar riscos aos alunos, se mal executadas. Então, para a montagem dessa aula, consultamos alguns artigos específicos de GACRO como, por exemplo, o artigo Redescobrindo a Ginástica Acrobática (2008) de Fernanda Merida, Vilma Piccolo e Marcos Merida, que nos ilustrou de forma objetiva os requisitos básicos e fundamentais para a montagem das tarefas. Também utilizamos outros artigos, como o já citado "Em defesa da ginástica acrobática na escola" de Lourenço França, que contribuiu com a noção de figuras e formações de desenhos acrobáticos, além de informações importantes, sem contar com o, também já citado, livro Manual teórico-prático de educação física infantil, que é extremamente rico nas informações sobre os pequenos alunos, além de uma extensa diversidade de tarefas que nos proporcionou executar aulas criativas, diversificadas, mas acima de tudo adequadas.
A montagem das aulas de GR (Ginástica Rítmica) também contou com a participação do mesmo livro, além de vários artigos que estimulam e explicam pedagogicamente as atribuições e importância da GR em iniciação escolar, além de trazer explanação sobre elementos básicos da rítmica que foram fundamentais para as criações das tarefas.
Nesse processo também foram observados os processos metodológicos e pedagógicos de ambas as modalidades, como aprendizagem global e analítica na GR (Caçola, 2007) e construção por etapas, da base para a complexidade (França, s/d) na GACRO. Também construímos critérios de análise de aprendizagem, em check list, do qual analisamos durante as aulas critérios pré-estabelecidos que serão complementados com as observações dos vídeos, para construirmos nossa análise de aprendizagem.
Anteriormente a prática já imaginávamos que de certa forma, o objetivo das nossas aulas era proporcionar uma metodologia de iniciação ao esporte (Greco, 1998) que proporcionasse uma aprendizagem provavelmente em longo prazo, mas que priorizasse (principalmente na 2ª infância) em experiências motoras, contribuindo assim para a formação integral do indivíduo, e isso foi constatado, principalmente pelas observações feitas ao longo das aulas, do qual observamos uma dificuldade imensa dos alunos realizarem elementos básicos, que já deveriam estar maduros, como por exemplo, o rolamento (cambalhota). Essas surpresas que surgiram na prática, nos fez perceber de forma mais sólida que nem sempre conseguimos seguir os manuais e os planejamentos previamente construídos, mas principalmente nos fez comprovar que como afirmam muitos manuais, as crianças de hoje em dia, pouco exploram seu corpo, o que acarreta em diversos problemas (como será discutido nas próximas postagens), mas principalmente limitando sua consciência corporal o que limita automaticamente a iniciativa de vivenciarem através do corpo a ludicidade que a sua idade proporciona.
Fotos dos nossos alunos:
Isabella, 11 anos.
Débora, 7 anos.
Gabriel, 9 anos.
Matheus, 9 anos.
Apesar da exaustão e das dificuldades, acreditamos que as aulas aplicadas puderam proporcionar aos alunos a proposta principal de trabalho e trouxeram a nós, meros iniciantes nesse universo da educação física, a alegria de após cada término de aula, ouvir sorrisos ofegantes e um "Já acabou? ahn... queria mais.", ilustrando positivamente que as aulas não tradicionais também são capazes de proporcionar aprendizagem, desenvolvimento, ludicidade e sociabilização, fatores importantes na formação das crianças.
A partir de agora, temos o objetivo de organizar as literaturas que constituem nosso projeto, atrelando a estudos anteriores e a todo material colhido das aulas práticas para organizarmos todos os detalhes possíveis que seguem desde o plano de aula com todos os dados analisados e pré-estipulados para a aplicação e análise das aulas, até fatores extra aula, porém que constituem o universo presente das crianças da segunda infância.
Nossas aulas e estudos serão postados de acordo com as conclusões e análises que faremos daqui em diante, além da preparação do possível encontro que teremos com os alunos, para proporcionarmos em outro contexto, a possibilidade de explorar novamente movimentos já trabalhados e também novas composições, já que as crianças são fontes inesgotáveis de energia e criatividade.
Referências bibligráficas:
Livro:
RODRIGUES, Maria
Manual teórico-prático de educação física infantil
7ª edição. Editora: Ícone, São Paulo, 1997.
Artigos:
CAÇOLA, Priscila
A iniciação esportiva na ginástica rítmica.
Revista Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, v. 2, n. 1, p. 9-15, mar. 2007.
COLLAÇO, Julia T. D. / SILVA, Eduardo C. da / FERNANDES, Luciano L.
Ginástica Rítmica: Modalidade desenvolvida pela escola infantil de esportes.
Universidade Federal de Santa Catarina.
Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária - Belo Horizonte – Setembro de 2004.
FRANÇA, Lourenço
Em defesa da ginástica acrobática na escola.
MACHADO, Viviam C. e FILHO, Raul F. A.
Inclusão de movimentos básicos da ginástica rítmica nas aulas de Educação Física escolar
Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, Ano 14, nº 141, 2010.
MÉRIDA, Fernanda e PICCOLO, Vilma Leni N.
Ginástica Acrobática: Um estudo sobre a prática pedagógica
Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 367-376, jul. 2008.
MERIDA, Fernanda/ MERIDA, Marcos e PICOLLO, Vilma Leni N.
Redescobrindo a Ginástica Acrobática
Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 02, p. 155-180, maio/agosto de 2008.
SCHRUBER, Juliano Rodrigues e AFONSO, Carlos Alberto.
A iniciação esportiva universal nas aulas de educação física.
TOLEDO, Eliana de.
Propostas de ações motoras em ginástica rítmica desportiva
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1995.
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